DESABAFOS & LOUCURAS

quarta-feira, dezembro 07, 2005

És tu...

És tu, és tu
Que sempre vieste enfim
Oiço de novo, o riso
Dos teus passos
És tu que eu vejo
A estender-me os braços
Que Deus criou
Para me abraçar, em mim
Tudo é divino e santo
Visto assim
Foram-se os desalentos
Os cansaços
O mundo não é mundo
É um jardim, um céu aberto
Prende-me toda, amor,
Prende-me bem
Que vês tu em redor?
Não há ninguém
Pudera, um astro morto
Que flutua
Tudo o que é chamar a ver
Tudo o que sente
Tudo o que é vida
E vida eternamente
É tu seres meu amor e eu ser tua...

Fernando Pessoa