"Dizem que o tempo sara todas as feridas. Talvez seja verdade. Mas há feridas que parecem não sarar. Sangram, vertem pus, voltam a sangrar, surpreendem-nos a magoar a alma quando esta já devia estar habituada e imune a tanta dor, É certo que, às vezes, essas feridas acalmam, como as marés que recolhem a água e recuam para o alto mar; mas, tal como as marés, regressam depois, revigoradas, pujantes, invadindo de novo a praia e sentindo o fulgor da sua presença, o ímpeto do seu regresso."