António Lobo Antunes

O escritor António Lobo Antunes anunciou há umas semanas na sua crónica da Visão que lhe foi diagnosticado cancro. A crónica era de uma sensibilidade estonteante e na semana seguinte foram dezenas as pessoas que escreveram à Visão, a dar apoio e a transmitir muitas palavras de carinho. Ninguém o quer deixar morrer porque afirmam que a sua obra literária ainda não está terminada. Para o escritor foi a percepção que podia nunca mais editar um livro. Na crónica desta semana "O António a dar corda à esperança" mais uma vez a sua franqueza e criatividade literária surpreenderam-me. O António, não sei se o posso tratar pelo primeiro nome mas vou tomar essa liberdade, afirma que acabou de abandonar o livro em que trabalhava há mais de sete meses. Para quem ama escrever esse abandono deve ter sido uma grande dor que espero que em breve possa ser retomada para deleite dos seus fãs.

O que ele diz:

"Não sou especialmente simpático também, falo pouco, custa-me exprimir o amor que sinto, envergonho-me de, em certas alturas, me apetecer chorar. Claro que não choro: fico bravio, brusco, irónico, a liquefazer-me de afecto por dentro."

"Ultimamente vivi a experiência mais violenta e radical da minha vida e continuo a morar com ela mesmo agora, em que o pesadelo parece estar a desvanecer-se."