Rascunhos

A T. disse-me um dia que o grande mal quando começamos a namorar com alguém é que essa pessoa habitua-nos a uma coisa no início e depois transforma-se noutra totalmente diferente. Não é justo disse-me ela. Não é justo que depois passado algum tempo nos tenhamos que habituar a outra pessoa totalmente diferente.

Fui um pouco metida em ter decidido arrumar as tuas coisas. Não me achei no direito de o fazer mas achei necessário. Era necessário impor alguma ordem naquela confusão.
Na altura acho que nem pensei na probabilidade de encontrar lá coisas que não me eram dirigidas. Mas aos poucos fui encontrando coisas que não me eram dirigidas e que nem tinham sido escritas para mim. Não li tudo, não me achei no direito de o fazer (nem tinha que ler nada) mas li alguns textos que demonstram profundamente o que sentiste. Estava à espera de encontrar outras coisas. Estava à espera de encontrar muito mais coisas.
Li a fita. Eu sabia que mais cerdo ou mais tarde ia lê-la. Por isso pensei porquê mais tarde e li. Acho que gostava mais de ler a tua. Sem querer li a carta. Aí não foi mesmo propositado. Quer dizer eu podia sempre ter pensado não vou ler, mas sem pensar que ia encontrar algo acabei por abrir e estava lá a carta.


Já me escreveste algumas coisas mas não se compara nem iguala … nem tem.