Blogs

Todos nós lemos blogues de pessoas que não conhecemos pessoalmente. Não são amigos nem colegas, mas nós sentimo-nos ligados aos seus textos, palavras, sentimentos, emoções, alegrias, tristezas, etc. Quantas vezes escrevem aquilo que não conseguimos escrever e que acaba por se enquadrar de tal maneira na nossa vida, que poderíamos ter sido nós a escrever.
Li muitos blogues de mulheres que partilham a sua luta e dificuldades em concretizarem o sonho de serem mães e quando finalmente obtêm um resultado positivo e gritam ao Mundo (entenda-se escrevem no blogue) que estão grávidas, todos sentimos que a luta foi ganha. Quem lê, torce por elas diariamente logo a luta é ganha por todos nós.
Li há pouco tempo um texto de alguém que perdeu o namorado e senti o coração tão apertado nessa altura como se pudesse vir a acontecer comigo. Perguntei-me nessa altura se eles estavam bem, se eles teriam dito antes o quanto se amavam, se teriam planeado coisas juntas, se teriam-se beijado e dado um abraço bem forte. Parece que só nessa altura nos apercebemos o quanto a vida é curta e cheia de mesquinhices e quanto tempo se perde em parvoíces. Tenho muito medo de estar zangada com alguém e essa pessoa morrer … acho que nunca me perdoaria.
Nos blogues nós partilhamos porque sentimos necessidade disso. Necessidade de escrever, de desabafar o que nos vai na alma, esperando que se consiga obter alguma paz e conforto. Não sabemos quem leu, lê, pois quantas vezes não lemos sem comentarmos os textos de outros.
O blogue é um alarido de sentimentos. Uma guerra pessoal que cada um de nós tem com a escrita pois quando as palavras flúem não há nada que as faça parar.

O meu blogue foi criado como escape. Acho que naquela altura ninguém compreendia aquilo porque eu estava a passar, nem mesmo eu. Eu achava que ia ser tão fácil “travar” esta batalha. Pensava ingenuamente que tudo ficaria na mesma. Acreditava que o facto de sermos todos adultos iria atenuar as consequências. Errei redondamente.

Este blogue permitiu-me expulsar os meus pensamentos e como me senti aliviada depois de o fazer. Respirava melhor, chorava melhor, sorria melhor. Quantos textos não escrevi a chorar e em quantos não sorri que nem uma tolinha. Foi aqui que me inspirei para escrever a minha primeira carta de amor. Foi aqui que descobri as “amizades anónimas” e o quanto pessoas que apenas se conhecem virtualmente se preocupam umas com as outras. Este blogue deu-me tanto e continua a dar-me tanto.

Planeio criar um dia o blogue em papel tal como fiz com o fotolog. Para sempre estarei ligada à vossa escrita como espero que fiquem ligados à minha.