DESABAFOS & LOUCURAS

quarta-feira, dezembro 21, 2005

...

É muito difícil ter um relacionamento com uma pessoa e ela dizer-nos que não nos ama, nem sabe se algum dia nos vai amar. Acho que são umas palavras muito duras de serem proferidas e sobretudo de serem ouvidas.

Há medida que os anos passam por nós o amor já não é vivido na sua plenitude. As pessoas já não se entregam por inteiro e limitam-se a ir vivendo. Lembro-me muitas vezes quando passeávamos juntos e víamos um casal e entregar-se na sua plenitude eu responder amargamente “devem estar no início do namoro”. É uma resposta amarga e muito repudiante para uma pessoa que acredita tanto no amor como eu.
Uma amiga um dia disse-me numa conversa que depois da primeira desilusão de amor as pessoas já não se entregam como outrora. Será isto justo para a outra pessoa que não sofreu a desilusão de amor? Ontem ao olhar para um amigo que iniciou o namoro há dois dias senti uma certa inveja. Uma inveja boa porque ao vê-los eles ainda se entregavam na sua plenitude. Pensei nisso durante muito tempo. Na necessidade que ele teve em levá-la para o grupo e partilhar connosco a felicidade que ele estava a viver naquele momento. E era tão visível essa felicidade. Mais tarde pensei a idade deles é outra. Nós até comentámos que os jovens são inconscientes por não terem medo de se magoarem. Nenhum adulto se entrega assim de paixão, corpo e alma, só mesmo os jovens que acreditam no seu verdadeiro significado. E os adultos que acreditam no seu significado e não conseguem demonstrá-lo?
Lembro-me das nossas conversas Paulo nas férias e mais uma vez ontem partilhámos os nossos medos, receios e entregas. Mas será justo viver assim? Será justo pedir ao outro que espere que as feridas sarem e que o coração esteja disposto a amar novamente. A minha resposta é não. Se não estamos preparados não nos devemos envolver. Não devemos pedir tempo, paciência, nada disso. Um dia quando estivermos preparados aí sim devemos nos entregar novamente sem medo e receios. Aí é justo tanto para nós como para eles.
Uma amiga disse-me “as pessoas já não amam com a mesma intensidade como antigamente”. Será que não?