Adeus a militar
Ontem fiquei muito triste ao ver a notícia do enterro do militar Roma Pereira. É impossível não ficar indiferente às emoções que se passaram naquele momento de despedida. Primeiro foi tempo dos militares, primeiro-ministro José Sócrates e ministro da defesa Luís Amado se despedirem do seu camarada na base de Figo Maduro, depois deu-se o cortejo fúnebre até Évora onde foi enterrado. Foi angustiante assistir àquelas imagens de familiares e amigos a chorar pelo seu mais que tudo, mas não podemos esquecer também a dor dos familiares dos militares feridos.
Ao reconhecer a base de Figo Maduro lembrei-me daquilo que senti exactamente há uma ano quando fui receber as tropas que tinham chegado do Iraque. Estava a estagiar na Rádio Renascença e era notória uma grande confusão entre os familiares que esperavam os seus entes queridos. A emoção é enorme, pois os filhos estão sempre a perguntar quando é os pais chegam, se vai demorar muito, e os restantes familiares têm a felicidade estampada no rosto por saberem que eles vão chegar bem sem existir nenhuma vítima, nenhum tipo de incidente, nada. Ao entrevistar os militares após a sua chegada e todos os abraços que os militares e os familiares merecem, todos eles respondiam às nossas perguntas com satisfação mas sempre com um aperto no peito pelos camaradas que lá ficavam sobretudo numa data tão próxima do Natal. Senti uma grande alegria por poder fazer parte daquela alegria tão grande. Acho que só nesse momento compreendi a irmandade que os unia.
Semanas mais tarde fui acompanhar um outro contingente que ia para o Iraque, e qual não foi o meu espanto ao perceber que os familiares não se iam despedir deles na base de Figo Maduro. Não havia familiares a chorar, tristes com a despedida, nada disso, o que havia era um contingente que partia para uma missão. É tudo uma questão de imagem, de representação, pois as televisões ao exibirem as suas reportagens da partida de mais um contingente, não poderiam explorar a imagem de uma criança a chorar a despedir-se do pai … essas imagens são só para a chegada e não para a despedida.
Ontem tratou-se de uma despedida de um militar que morreu a representar a sua pátria – não deve existir morte mais honrável – mas que para muitos trata-se apenas de um nome, mais um nome que vai ser esquecido brevemente, não para a família, mulher, filha, pais e amigos, mas cedo será esquecido por todos nós.
Quero prestar-lhe aqui uma homenagem por ter representado o nosso país numa guerra legitima como foi a do Afeganistão e que não é a do Iraque, uma homenagem à mulher, filha que já não vai a tempo de ser educada pelo pai como tanto merecia, aos pais que deve ser impensável compreender a dor de perder um filho. Porque ontem foi enterrado o primeiro-sargento comando João Paulo Roma Pereira morto por um engenho explosivo improvisado com uma carga muito forte, de 15 a 20 quilos de explosivos, instalado numa manilha por baixo da ponte onde o incidente ocorreu, aqui fica a minha homenagem e o meu obrigada por ter representado o nosso país de forma tão honrável
Ao reconhecer a base de Figo Maduro lembrei-me daquilo que senti exactamente há uma ano quando fui receber as tropas que tinham chegado do Iraque. Estava a estagiar na Rádio Renascença e era notória uma grande confusão entre os familiares que esperavam os seus entes queridos. A emoção é enorme, pois os filhos estão sempre a perguntar quando é os pais chegam, se vai demorar muito, e os restantes familiares têm a felicidade estampada no rosto por saberem que eles vão chegar bem sem existir nenhuma vítima, nenhum tipo de incidente, nada. Ao entrevistar os militares após a sua chegada e todos os abraços que os militares e os familiares merecem, todos eles respondiam às nossas perguntas com satisfação mas sempre com um aperto no peito pelos camaradas que lá ficavam sobretudo numa data tão próxima do Natal. Senti uma grande alegria por poder fazer parte daquela alegria tão grande. Acho que só nesse momento compreendi a irmandade que os unia.
Semanas mais tarde fui acompanhar um outro contingente que ia para o Iraque, e qual não foi o meu espanto ao perceber que os familiares não se iam despedir deles na base de Figo Maduro. Não havia familiares a chorar, tristes com a despedida, nada disso, o que havia era um contingente que partia para uma missão. É tudo uma questão de imagem, de representação, pois as televisões ao exibirem as suas reportagens da partida de mais um contingente, não poderiam explorar a imagem de uma criança a chorar a despedir-se do pai … essas imagens são só para a chegada e não para a despedida.
Ontem tratou-se de uma despedida de um militar que morreu a representar a sua pátria – não deve existir morte mais honrável – mas que para muitos trata-se apenas de um nome, mais um nome que vai ser esquecido brevemente, não para a família, mulher, filha, pais e amigos, mas cedo será esquecido por todos nós.
Quero prestar-lhe aqui uma homenagem por ter representado o nosso país numa guerra legitima como foi a do Afeganistão e que não é a do Iraque, uma homenagem à mulher, filha que já não vai a tempo de ser educada pelo pai como tanto merecia, aos pais que deve ser impensável compreender a dor de perder um filho. Porque ontem foi enterrado o primeiro-sargento comando João Paulo Roma Pereira morto por um engenho explosivo improvisado com uma carga muito forte, de 15 a 20 quilos de explosivos, instalado numa manilha por baixo da ponte onde o incidente ocorreu, aqui fica a minha homenagem e o meu obrigada por ter representado o nosso país de forma tão honrável
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